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quarta-feira, 16 de maio de 2012

À BEIRA DE ÁGUA

Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração
magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
tão feito de privação.) Estou onde
sempre estive: à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.



Eugénio de Andrade
Os Sulcos da Sede

4 comentários:

  1. A vida inteira, é repleta de poesia.
    Bela partilha, essa!

    Um beijo,
    Lúcia

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  2. Neste dia tão quente sabe bem estar aqui, "À Beira de Água".

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  3. Estive tão perto de matar-te a sede...
    Belo!

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  4. QUE LINDO ISABEL!!! ADOREI...

    Obrigada pela partilha; não conhecia este poema...

    Tá melhor???
    Um grande beijinho
    Lena

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